Gastroenterologia funcional – 2a. Edição

R$320

Nestes 30 anos do primeiro livro sobre Gastroenterologia, tive a oportunidade de utilizar esses novos conceitos tanto nas doenças típicas do trato gastrointestinal – gastrite, doença de Crohn, colite ulcerativa – quanto em doenças sistêmicas, como a artrite reumatoide, transtornos psiquiátricos, e nas doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.

De forma não surpreendente, incluir essa nova visão na terapêutica dessas diversas patologias trouxe redução de sintomas e sinais e redução do uso de fármacos. Pude avançar mais ainda quando associei esses conhecimentos no Programa de Saúde e Doenças, um estudo que enfatiza a importância do papel da gestante na futura saúde de sua prole. Hoje está confirmado que ainda no útero a flora intestinal da gestante molda a flora do bebê.

Se hoje é moderno falar em pré, pró, pós e parabióticos e em BioMAMPs, devemos esse vertiginoso avanço nas pesquisas também aos médicos funcionais e ortomoleculares, que há dezenas de anos transcrevem para seu receituário, através de dietas e mudança de estilo de vida, um novo conceito sobre causas de doenças. Foi mesmo um feeling.

Foi percebido que um número expressivo de doentes portadores de doenças extraintestinais tinha sintomas digestivos, e, ao se aprofundar a anamnese, ficava claro, em muitos deles, que esses sintomas antecederam a doença sistêmica. Agora sabe-se, por exemplo, que o depósito anômalo de proteínas (sinucleínas) no cérebro de portadores da doença de Parkinson ocorre inicialmente no sistema nervoso entérico, causando sintomatologia digestiva muitos antes dos sintomas neurológicos.

No antigo livro tive a honra de ser prefaciado por dois queridos mestres, o dr. Hélion Póvoa e o dr. Efraim Olszewer, cujos ensinamentos e persistência com os ideais funcionais e ortomoleculares ajudaram a alavancar no Brasil esse novo paradigma de observar o surgimento das doenças e qual a melhor forma para preveni-las e tratá-las. O foco permanente nos distúrbios da mente e sua poderosa força de interferir em qualquer processo de doença e a compreensão do poder do microbioma intestinal em participar ou mesmo conduzir, numa via de mão dupla, alguns aspectos do comportamento, me levaram a acrescentar no livro o capítulo Eixo Cérebro-Intestino.

A presença do leaky gut como substrato anatômico para as doenças sistêmicas confirmou uma velha ideia de que tratar o intestino era um passo importante nas doenças. Esse conceito infelizmente não é matéria prática na conduta dos gastroenterologistas clássicos, o que levou acertadamente os médicos preocupados com essas questões a elaborarem condutas próprias nessa área e que foram amplamente aceitas pela maioria dos pacientes. Assim, os diagnósticos de leaky gut e disbiose intestinal são básicos para orientar novas condutas. Achei por bem acrescentar um capítulo para divulgar os exames mais preciosos para esses diagnósticos.

Nos últimos anos, foi confirmada a existência da sensibilidade ao glúten não celíaca e a intolerância à histamina, que então mereceram capítulos à parte. Pela frequência com que também ocorre, a candidíase está num capítulo próprio. A maior parte do livro se refere à reconstituição de uma parede intestinal lesada por agentes externos por processo inflamatório, causa mais comum do leaky gut, portanto há grande ênfase no uso probióticos, prebióticos e nutrientes restauradores de mucosa.

Apesar de não ser nutrólogo, há particular interesse na descrição de dietas específicas como parte importante da terapêutica. Ao reler agora o prefácio escrito em 1994, percebo a sorte que tive, pois após tanto tempo nesse caminho ele se revelou o mais correto. Seus alicerces foram confirmados pelas recentes descobertas, e creio que o futuro abrirá múltiplas portas tanto para confirmar mais facilmente o diagnóstico quanto para indicar cepas probióticas individuais para doenças específicas.

Sempre que tenho oportunidade, não deixo de afirmar que a Medicina Ortomolecular está baseada nos princípios bioquímicos e fisiopatológicos que norteiam a conduta médica. Assim, críticas à nossa prática serão também críticas à Medicina como um todo. A diferença está na forma de ver as doenças. Enquanto a Medicina Clássica busca incessantemente novos fármacos para tratar as doenças, o que também desejamos, se esquece de utilizar os conhecimentos das matérias básicas para reverter uma disfuncionalidade celular que surge por diversos fatores. Sinais e sintomas devem ser combatidos para alívio do sofrimento das pessoas, daí a importância dos fármacos, mas o real combate está muito além disso. Ele se dará dentro das células. Devemos nos imaginar percorrendo suas estruturas, fornecendo os elementos que podem acelerar reações químicas silenciadas e retirar elementos que desaceleram essas mesmas reações. Trabalhamos todo o tempo com o pensamento voltado para reverter funções celulares perdidas.

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